Olhe para dentro


Você já se olhou hoje? Não aquela famosa passadinha em frente ao espelho, mas, sim, por dentro. Nessa paradinha a gente se demora e se descobre. É difícil mesmo né? Eu sei, também já estive aí do lado de fora e, vez ou outra, ainda só consigo enxergar a matéria (ou o corpo e esse mundão de meu Deus, como preferir).

Olhar para dentro é exercício diário. É busca, é um convite de entrega para consigo mesmo. É defrontar-se com as máscaras de outros carnavais. É por à luz o túnel obscuro criado dentro de si. É um encontro com todas as fragilidades que se esgueiram pelas margens do Ser. 

A meditação entrou na minha vida em 2015 e, não minto, de lá para cá muita coisa mudou. Quando comecei, ficar sentada por mais de dez minutos, era um sacrilégio. As pernas cruzadas formigavam, a coluna e o bumbum doíam e, nessas horas, até o nariz danava a coçar. A sensação de sonolência batia forte. E aquela papo de prestar a atenção na respiração? Um dilema! Porque, ou eu me concentrava na respiração, ou pensava, vulgo o que eu achava que era meditar. 

Daí você me pergunta: existe um jeito certo de meditar? 

A minha resposta é: sim e não. 

Sim, porque há realmente técnicas para desacelerar a mente e, inclusive, com conceitos milenares como as filosofias zen, budista e taoísta. Quando você executa, por exemplo, exercícios de pranayama (respiração = energia vital), o cérebro oxigena melhor e proporciona essa sensação de relaxamento. O que pode confundir nosso intuito quando estamos iniciando a praticar. 

E não, porque todo indivíduo é único. Logo, como podemos dizer que existe uma fórmula mágica? 

Na verdade, o que existe são caminhos para aprender a meditar, pois a meditação é um estado físico, mental e espiritual do Ser. Não é à toa que, com o passar do tempo, o praticante se torne cada vez mais consciente do que lhe integra interna e exteriormente. Digo: é comum que o praticante passe a sentir, a pensar e a agir de maneira espontânea, intuitiva e respeitosa para consigo e perante os outros, porque a meditação possibilita exatamente esse despertar para a consciência amorosa. Proporcionando harmonia e equilíbrio de Si com o Todo.

Se autoconhecer é sim um trabalho árduo, porque você começa a ter um contato profundo com o seu sistema de crenças. Querendo ou não, somos constituídos por esse conjunto de conceitos que nos rodeiam em todos os âmbitos e que nos moldam desde a nossa concepção. É como responder àquela perguntinha inconveniente: quem você é? Ou seja, são vários os nossos valores pessoais, sociais, afetivo-sexuais e profissionais. 

Mas, posso trazer outro exemplo também, como: para você, o que é o amor? 

Diante dessa pergunta podemos ter inúmeras definições, metáforas e idealizações. E, neste último caso, é aonde a meditação vai atuar. Em contato consigo mesmo, começamos a notar nossas expectativas, projeções e ilusões. Isso tudo é provocado pelo ego, aquele que "Eu-birrento". E desconstruí-lo exige tempo e paciência. 

Ainda usando o mesmo exemplo, é aí que você senta e se questiona: por que o amor que eu quero não é aquele que vivo? Quão real é esse sentimento em mim? Por que minhas atitudes sempre afastam as pessoas que mais amo? 

"Mas ai, Babi, como faço isso na meditação? Eu sento e passa um bando de coisa na cabeça. #MeAjuda" 

Vou passar o que funciona comigo. Pode ser que na sua caminhada, você descubra outros métodos e tudo bem. O importante é que você descobriu como entrar no seu estado meditativo, porque a meditação em si é um convite a estar presente, como eu disse, no sentir, no pensar e no agir. 

1. Procure um lugar calmo de sua preferência. Pode ser seu quarto, no quintal da sua casa ou num parque. E certifique-se que é um lugar confortável para começar a praticar. 

2. Prepare uma playlist com mantras. No youtube tem várias! Então, use e abuse desse recurso. Pessoalmente gosto, porque me ajudam a desacelerar e a me concentrar melhor e mais rápido.

3. Medite apenas sentado! Pode ser numa cadeira e pernas esticadas? Pode! Pode ser com pernas cruzadas "de índio"? Pode! Mas, por favor, não deite e não confunda isso com relaxamento. 

4. Feche os olhos e observe seu corpo: seus olhos estão cerrados provocando tensão no rosto? Seus ombros estão rijos? Conscientemente, você está prendendo alguma região do seu corpo? Relaxe! A ordem natural é trazer consciência ao seu corpo. E, assim, vá desfazendo todos os pontos de tensão que no dia-a-dia você não percebe. 

5. Inspire e respire normalmente. "Ah, mas estou acelerado..." Então, faça o exercício das narinas alternadas. Relaxou? Sinta essa energia vibrar e se manter pelo seu organismo. 

6. Persista! Chegando aqui a mudança energética já é nítida e o bem-estar de desacelerar é mágico. Porém, muitas pessoas tendem a parar como se já tivesse bastado. No entanto, permaneça! Nesse patamar, uma série de pensamentos inundarão sua mente. Muitos assuntos em milésimos de segundos irromperão o silêncio. Permita-os passar até que o verdadeiro silêncio se instale. 

"Eu vou saber qual é o verdadeiro silêncio?" Sim, vai! Principalmente, quando o objetivo inicial de toda essa busca é olvidado e nossa consciência passa a nos intuir suas próprias causas ou verdades. De modo que nosso Eu verdadeiro se liberta e revela sua própria voz. 

Por isso, não se sinta frustrado, caso se sente obstinado a resolver "questão-x" e, na hora, de se defrontar com o Eu verdadeiro, ele lhe traga respostas para outras questões. Talvez, você precise colocar à luz outras sombras do que essa que você tanto queria. O importante é compreender que toda Verdade é revelada em seu devido tempo. 
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Um comentário:

  1. Vejo este comentário como um "a mais":
    Lembro de um comentário que vi num livro do Osho em que ele falava justamente dessa questão de meditar, do como fazer, do que é certo e errado, e numa das descrições dele, foi certeira com algo que eu vinha fazendo: Quando começava a entrar num estado mais calmo, meu corpo ir ficando sonolento, e muitas vezes acabava por perder o foco do que estava fazendo e indo dormir. No entanto o livro falava que este é só um "estágio" para entrar na meditação, e que ao passar desse ponto, você começa a sentir um estado mais sereno e ao mesmo tempo mais tranquilo de pensamentos.

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