Por que você se tornou vegetariana?



Essa pergunta é clássica e eu poderia encerrar esse post com uma única resposta: eu não gosto de carne. Que simples seria né? Mas não é. Ela sempre vem seguida de outras questões, como "mas você não come frango?", "nem peixe?". Sou uma pessoa bem tranquila e sucinta nas respostas, mas quem me acompanha nas redes sociais, principalmente no twitter, está acostumado a me ver reclamando do quão chato é ter que aturar os "carnistas nutricionistas de plantão". Por isso, me propus pela primeira vez a falar sobre essa mudança abertamente para colocar em debate os nossos hábitos alimentares. 

Desde que me entendo por gente, eu dizia à minha mãe que quando tivesse minha própria casa, não prepararia carne e ela olhava para mim com aquela cara de "então você vai comer o que?". Porque, sim, sempre que eu olhava aquele pedaço de frango e carne pálidos me embrulhavam o estômago. É muito comum que a gente não racionalize, não pense que aquele pedaço que está ali no nosso prato é um animal. E se chega a passar pela nossa mente, o gosto - e friso aqui, gosto esse dos temperos - enganam nosso paladar viciado naquele sabor. 

Aos 15 anos quando coloquei aparelho ortodôntico, consequentemente, meu consumo de carne foi realmente afetado. Primeiro pela dor incômoda que se sente (quem já usou sabe do que estou falando). Segundo porque naquela situação, eu sentia a textura dos alimentos e notar a consistência das carnes me agoniavam de verdade! E foi nessa época que tive meu primeiro contato com a palavra vegetarianismo

Porém, era um conceito ainda muito vago e, somente em 2014, um amigo me apresentou de fato a essa filosofia de vida. Porque o vegetarianismo, antes de tudo, é exatamente isso. E, vejam só, quando optei por tirar a carne da minha alimentação foi num momento em que eu tinha começado a malhar. No pós-treino eu precisava ingerir mais "proteínas" e aquilo, minha gente, estava acabando com a minha digestão. 

E, desde então, tem sido um processo muito natural para mim. Uns encaram como uma "dieta alimentar" ou até mesmo uma enorme restrição. Como eu não posso falar por todos os vegetarianos, digo por mim que ser vegetariana é, sobretudo, uma questão de escolha. E eu escolhi não comer mais animais mortos. 

Tudo o que ingiro e adapto a minha realidade é fruto de estudos e experiências trocadas com amigos que também já estão há mais tempo nesta busca pela libertação da exploração dos animais. Não sou nutricionista nem pretendo sê-la, mas as informações que disponibilizo abaixo estão aí pela internet, em vários documentários e respaldadas por especialistas que defendem que é possível ter uma vida saudável sendo vegetariano e/ ou vegano.

Desmistificando 

1. Mas Bárbara, não chegamos no topo da cadeia alimentar para comer alface.
Se você ainda vivesse da caça, eu até entenderia essa justificativa como acontece ainda em muitas tribos por aí. E, por favor, não me venha explicar a existência dos nossos caninos, porque ainda que eles sirvam para segurar e rasgar, eles não são pontiagudos e nossos molares são achatados para triturar a comida. 

2. E como você repõe a proteína?
Achar que a carne/ frango/ peixe detêm a maior taxa de proteína na nossa alimentação é o maior mito! Se você só come arroz-feijão-carne, com certeza seu organismo sofrerá. Como toda reeducação alimentar é preciso aprender a substituir. E acho que exatamente pelo medo de ficarmos doentes que pesquisamos mais e nos alimentamos melhor.

Você já deve ter ouvido que o arroz e o feijão são os alimentos mais completos... Pois então pasme, porque é verdade. Esses dois combinadinhos produzem, inclusive, uma enzima de proteína. E o importante é dar aquela sustância incluindo folhas verdes escuras, pois elas também são ricas em proteínas. São elas: couve, brócolis, couve-flor, espinafre, repolho, e outros condimentos nesse tom, como salsinha, pimentão, coentro, manjericão etc.. 

Mas se você insiste em dizer que precisa de algo mais parecido à textura da carne, ok. Você pode fazer transformar soja ou grão de bico em hambúrguer, ou fazer diversas receitas com esses dois ingredientes, por exemplo, que substituem a carne. 

3. Só que ainda tem aquelas outras vitaminas né... Como repor B12, cálcio e ferro?
É fato que os produtos de origem animal são ricos em vitamina B12, mas acalme-se! Cereais e leites vegetais conseguem suprir a necessidade desse nutriente. [update importante: mas, em casos específicos, é preciso recorrer à suplementação. O que deve ser feito com a supervisão de um médico.]

E ingerir leites vegetais também é essencial para fornecer cálcio ao organismo. Além de complementar ao consumir abacate, abóbora, beterraba, gergelim, aveia, amêndoas e chia, entre outros. 

Quanto ao ferro, anota aí uma dica valiosa: a laranja além de ser uma ótima fruta para melhorar na digestão quando consumida pós refeição, ela também ajuda na absorção do ferro do feijão. 

4. E essas denominações como ovolactovegetariano significa o que? Em qual você se encaixa?


Eu ainda sou ovolactovegetariana e em transição. Transição porque já não consigo mais comer alimentos que possuam ovos e leite sem me culpar. Não coloquei nas minhas metas, mas meu objetivo nesse ano também é me tornar vegetariana estrita. Mesmo que não haja pressão externa, internamente conviver com o peso de que ainda participo desse ciclo de sofrimento é horrível! 

5. Uma dica para começar. 
Se você quer mesmo iniciar a transição, comece pela Segunda Sem Carne. É uma campanha em que todas as segundas-feiras você se abstém de ingerir carne, frango e peixe. Esse exercício é bem legal porque te faz perceber o quanto você pode variar e se alimentar bem sem maltratar nenhum bichinho. Várias pessoas começaram assim, então confie que pelo hábito, você consegue mudar! 

Caso você também queira apenas parar de uma vez por todas de ingerir carne, que massa! Infelizmente, até pouco tempo mesmo, estava comendo peixe uma vez por mês e, por questões espirituais, senti uma necessidade enorme de parar. 

"Ah, mas eu não consigo..."

Consegue sim! Tudo é uma questão de conscientização e querer. Também estou longe de ser um modelo ideal e perfeitinho de vegetariana, mas estou aqui na luta em respeito à vida animal. E acho que se todos se propusessem a pensar um pouquinho neste assunto muitas vidas seriam poupadas.
Diminuí o texto para que vocês pudessem ler os meus motivos de ter tomado essa decisão. E espero que eu possa contribuir com essa reflexão! Em breve, volto aqui indicando referências como livros, sites, documentários e vlogs que falam sobre o tema. Me empolguei! :) 

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