Minha essência;

Se meu corpo é meu templo, então por que não confiamos a esse invólucro todo o seu potencial? Repara: somos ínfima matéria para tanta essência em Si. Então, por que não libertamos nossa substância e não o naturalizamos por direito? 

Como mulher tenho carregado, desde o meu nascimento, uma infinidade de questões que me reprimem e pesam dia a dia. E cansa. Cansa muito me olhar frente ao espelho e me enxergar com o olhar do outro. Às vezes, até o simples ver parece errado. Porque me ensinaram que só devo estar aprazível para o outro, mesmo que me digam que devo gostar primeiro de mim mesma. 

Mas como, se tenho uma visão deturpada do que sou?

Talvez, você não saiba, mas toda vez que uma amiga me diz que se sente feia, dói em mim. Tudo bem que há dias e dias... Só que a gente não sabe nada sobre si mesma, porque nos vetam todas as vezes que estamos obstinadas a transgredir os padrões. E, se você quer saber, estou rompendo minhas próprias barreiras. Já me desgastei tentando me encaixar no manual do bom comportamento, nos moldes de beleza e desisti.

De-sis-ti! 

Eu quero e preciso tomar consciência do meu próprio corpo e da minha essência em Ser Mulher. Assim mesmo: meu corpo! Minha essência! 

Agora o seu observar, seu pudor e julgamento não pertencem mais a mim. 

E faço um convite a todas as meninas e mulheres: se aceitem como são! Se olhem no espelho sem culpa. Vislumbrem os tons e marcas que lhe pintam a pele. E sabe aqueles ditos defeitos? Ame-os tanto quanto seus encantos! Percorram suas mãos por cada pedacinho de si e sintam a penugem que lhes vestem, os flancos que lhes sobressaem e as texturas que lhes tecem. Resvalem entre os dedos às suas curvas e apreciem seus formatos, viços e cheiros. Se toquem sem medo. 

Em suas essências, apenas intuam. Porque seus frágeis corpos são sábios, pulsam intensa vida.

Texto original.