Seu balançar;

Moço, a cada destemida vibração que corria do seu corpo pro meu, o sangue em jorros ebulia em mim. Cúmplices, nosso silêncio entrelaçava-nos e de olhos cerrados nos denunciávamos. Eu pedia mudamente pro seu corpo falar a mim suas vontades e, soturnamente, respondia-me como quem não quisesse se delatar. Mas suas mãos o incriminavam, moço, bem ali na leveza do seu abraço aprumando-me à sua condução, no seu tímido balançar como maré baixa carregando-me pro seu encanto. E a cada movimento sentia cada pedaço meu agitando-se involuntariamente e, se a música parasse, desconfio que todas as minhas partículas se desintegrariam, mas isso não aconteceu. Porque tive que me recompor, garoto, pra controlar cada minúscula e súbita impulsão de me atirar a você. Logo eu que precisava reavivar os meus sentidos, me apareceu você me prendendo a si e lembrando-me que havia uma mulher que eu abandonara há muito tempo - toda cheia de irrequietos ensejos e embaraçosos traquejos. Você me comprimiu com ternura e na cadência dos seus curtos passos, me vi outra. Uma dona de si sem medos mesmo estando junto a você. Depois desse nosso momento, eu tive que reabrir meus olhos e meus braços timidamente pra vê-lo sorrir e agradecê-lo por aquela dança. Aquela música. Por cada parte minha que você tinha devolvido a mim. 

Casa nova e tudo graças ao trabalho da Jana. Ela é uma expert nos layouts, gente! Captou minha ideia e na hora da execução ainda se superou, fazendo esse que barrou minhas expectativas. Espero voltar empolgada com essa troca de ares. Dessa vez pretendo fazer valer e começar a abordar temas mais variados que me sinto apta para escrever. Espero que gostem e aproveitem meu novo espaço!