Fluido;

“A vida é fluido” - assim afirmou, há algum tempo, uma importante orientadora taoísta que adoro escutar. E, desde então, tal frase me seguia, ressoando insistentemente a qualquer movimento que imaginava dar à minha vida. Sim, ela havia me tocado de forma assustadora. Dizem que o primeiro impulso para a mudança é o incômodo e, por isso, digo que me incomodava... Tentava senti-la, decifrá-la e expressá-la, mas nada a traduzia. 

Por muitos dias, a frase permaneceu intacta num rascunho: a vida é fluido. 

Mas ainda não era seu tempo. 

Não era meu tempo. 

Eu descobri mais tarde que eu não estava preparada para contemplar a verdade daquela oração: o meu fluido estava contaminado. Impuro, espesso e turvo. Uma grande rocha se instalara e obstruíra a passagem daquele líquido precioso. 

Quantas pequenas pedras deixei acumular esse tempo todo? Eu não sei... Quando percebi já haviam se integrado. E, cada vez mais, era menor a sua fluente. 

Notar tanta poluição em mim, me fez querer clarificar. Porque eu preciso devolver o viço, a energia e o estímulo capazes de tornar a minha existência fluido – que mana, escorre, se alastra e se mistura a outros líquidos.

[21.12.2014]

Postei originalmente esse texto no meu perfil do facebook e achei que deveria começar esse ano aqui no blog com ele. Um momento bem reflexivo sobre tudo o que passei no ano de 2014 e como quero levar minha vida daqui em diante. Aos poucos, vou tirando a poeira deste espaço. Um abraço!